A primeira referência à Displasia Cleidocraniana (DCC) ou também chamada disostose cleidocraniana remontam a Grécia Antiga e ao poema épico de Homero, “A Ilíada”, onde o herói “Thersites” apresentava um conjunto de características físicas compatíveis com os sinais mais recorrentes da síndrome em questão e de onde se salientava a sua capacidade de aproximar seus ombros da linha média.
A primeira descrição clínica cientificamente documentada desta síndrome com estudos descritivos, surgiu durante o século XVIII em 1760, por Meckel, um médico e professor de anatomia e obstetrícia na Universidade de Halle. Tais estudos ajudaram a definir o padrão de várias características desta síndrome. No fim deste mesmo século, em 1897, Marie e Sainton, dois médicos parisienses, publicam o primeiro dos seus trabalhos sobre esta síndrome, onde foi documentado um caso de um pai e filho afetados e no ano seguinte publicaram um segundo artigo intitulado “On hereditary cleidocranial dysostosis”, onde propuseram a designação de "Disostose Cleidocraniana" para esta síndrome, associando-a a padrões de hereditariedade.
Além dos padrões de hereditariedade sugeridos por Marie e Sainton, Bauer e Kallialla foram os primeiros a propor a mutação genética como fator etiológico da DCC (Displasia Cleidocraniana), sugerindo que a mesma possui um padrão autossômico dominante de hereditariedade. E Forlan em 1946, concluí que a síndrome tinha transmissão autossômica dominante, sendo que em alguns casos interferência externa no período fetal poderiam ser a causa originando mutações que podiam ser transmitidas à descendência.
Mas foi em 1951 que surgiu um dos mais reconhecidos e importantes artigos sobre o desenvolvimento familiar da síndrome, realizado por Jackson, um médico no Groote Schuur Hospital na cidade do Cabo, onde constatou que dentre os 365 descendentes pesquisados de um paciente com a síndrome, apenas 70 apresentavam sinais físicos faciais da síndrome.
Em 1990, a sequência de trabalhos de Jensen, propõe uma alteração na designação de Disostose para Displasia concluindo que a Displasia Cleidocraniana era uma displasia óssea generalizada.
Foi em 1993 que Nienhaus (et al) fez a primeira associação entre alteração num gene específico, sugerindo que o gene causador da DCC se localiza no braço curto ou no braço longo do cromossomo 6, mas foi em 1995 que os trabalhos de Mundlos (et al) e os trabalhos de Ramesar demonstraram a presença de deleções localizadas no cromossomo 6p21, fortalecendo a possibilidade do gene envolvido estar localizado nesta região cromossômica. Mundlos em 1997 após estudos, propôs que seria mutações a nível de fator de transcrição RUNX2 as causa da DCC.
Desde a descrição da síndrome por Marie e Sainton, mais de 1000 casos foram publicados na literatura médica e mais de 100 sintomas foram associados a DCC apesar da maioria de tais associações não serem sintomas obrigatórios.
Fonte: Luís Albino Marques Loureiro - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra - Março de 2015.