História sobre Estomia .

Sou Iliostomizada

30/04/2016

Por: NC


A desconhecida Ileostomia

Quando me foi diagnosticado um tumor nos intestinos (fevereiro 2015), não tive receio da operação pois já tinha passado pelo mesmo à 20 anos atrás, mas tinha medo de ficar com um saco colado ao corpo cheio de fezes, o que veio acontecer, contudo resolvi que precisava lidar com a situação da melhor maneira possível, pois a médica disse que era provisório.

O primeiro impacto é assustador, o medo do desconhecido e de como lidar com essa nova condição, a falta do controle das fezes e dos gases, além de não saber lidar com um equipamento completamente desconhecido. A questão de estética do corpo, sentimentos de inferioridade, ódio, depressão, tristeza, medo da não-aceitação por parte de familiares e amigos, medo de ser considerada inútil. Fui operada duas vezes e estive internada cerca 3 meses, as complicações foram muitas, perdi muito peso e senti muita dor física e psicológica. Toda esta situação deixou-me frustrada, tinha a sensação que era uma morta viva, sem forças para nada.

Não é fácil ter um saco com fezes, colado ao corpo que se estiver apertado ou mal colocado o líquido fecal vai infiltrar-se por baixo da placa; roupas ajustadas ao corpo nem pensar, vergonha de exposição do corpo, o convívio social fica comprometido, com preocupações constantes (odores, gases, vazamentos constantes). Onde quer que vá, os meus olhos procuram instintivamente a placa WC.

Como o meu estoma era invaginado com um trânsito intestinal mais rápido devido à retirada do cólon e o Ph das fezes mais ácido que o de uma pessoa normal a infiltração das fezes e da urina por baixo da placa eram constantes, parecia que tinha sido marcada com um ferro em brasa (como se faz com o gado) e que provocou queimadoras de 1º e 2º grau. Foram muito difíceis de sarar, mas com o apoio dos meus familiares, amigas e principalmente do meu filho pois era ele que me tratava e colocava o equipamento, as dores eram insuportáveis e a repulsa de olhar ou mexer no estoma era ainda mais doloroso.

Ter uma bolsa colectora parece ser uma medida constrangedora e desagradável. Mas, o segredo foi não me entregar, contudo é preciso repensar uma série de coisas para se viver da melhor maneira possível.
Muitas pessoas preferem esconder a sua condição por medo ou vergonha, porque a ostomia ainda é desconhecida pela maioria da população, pela falta de divulgação, mas as mais próximas sabem que sou íleostomizada, não vejo nenhum problema em esconder.

É com bastante ansiedade que aguardo a reversão,  ainda não foi possível porque as fístulas teimam em não fechar.

 

 

_Há dias que gostaríamos de gritar as nossas dores, mas sorrimos para fazer de conta que tudo anda bem, acreditando que tudo mudará amanhã! _

_Hamilcar Marques._


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