Questão fácil e difícil. Mais uma vez, varia de pessoa para pessoa. Tudo depende da força de vontade, da aceitação, do apoio familiar ou de amigos. É difícil ser viver com a escoliose. Eu, ao passar pela fase de aceitação, foi como atravessar montanhas e rios dias e dias. Para me aceitar, comecei a interiorizar de que existiam pessoas muito piores que eu: pessoas que perderam a visão, membros, ou que ficaram paraplégicos. Também interiorizei que havia pessoas morrendo, sofrendo, acamadas. Pessoas abandonadas. Pessoas com doenças terminais e combatendo cancros ou outras doenças. Contudo, passados mais de 20 anos, me apercebi de que eu estava tentando esconder a minha doença através de um escudo forte, tentando esquecer a minha pessoa através de outras pessoas doentes. Foi nessa altura, que senti que nunca me tinha aceite e que sempre tinha sido infeliz e vivido mais para as outras pessoas que para mim. E é nesta altura, que eu estou começando a tentar ser feliz e a procurar ajuda para a minha doença. Existem pessoas que talvez consigam ser felizes e aceitar bem a sua doença, mas eu quis fugir da aceitação. Julgo que em todos os portadores de escoliose, exista sempre um sentimento de revolta. O sentimento: "Porquê eu?".