Eu e a Narco

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A SONOLÊNCIA SEMPRE FOI UM PROBLEMA SÉRIO. SEMPRE DORMI MUITO, MINHA MÃE ACHAVA QUE EU TINHA UM PROBLEMA: ANEMIA, VERME E ME ACHAVA LENTA. CRESCI COM O ESTIGMA DE PREGUIÇOSA.  AOS 15 ANOS DESCOBRI QUE TINHA TIREOIDITE DE HASHIMOTO, A PRIMEIRA DOENÇA AUTOIMUNE. LEMBRO-ME DO CANSAÇO EXTREMO QUE EU SENTIA, E COMO DESEJAVA NÃO SENTIR-ME ASSIM... DESCOBRI QUE GUARANA ME DESPERTAVA UM POUCO, MAS MESMO ASSIM O CANSAÇO PERMANECIA ASSIM COMO AQUELA SONOLÊNCIA TERRÍVEL. COMECEI A TRABALHAR AOS 14 ANOS E DORMIA NO TRABALHO,LLOGO NÃO FICAVA MUITO TEMPO TRABALHANDO. TIVE UMA PNEUMONIA GRAVE AOS 18 ANOS E NECESSITEI FICAR INTERNADA POR UMA SEMANA E ALI DESCOBRI UMA PROFISSÃO QUE PENSEI QUE SERIA MINHA SALVAÇÃO: A ENFERMAGEM. E REALMENTE FOI!! TRABALHEI POR 16 ANOS NOS MAIS DIVERSOS SETORES E ELES ME ACEITAVAM COMO EU ERA. EVOLUÍ COMO PESSOA. AOS 19 ANOS, AO FIM DO CURSO DE ENFERMAGEM ENGRAVIDEI DO MEU PRIMEIRO FILHO, CASEI-ME. PUXA, COMO FOI DIFÍCIL,  A SONOLÊNCIA, O CANSAÇO EXTREMO, A DEPRESSÃO E FRUSTRAÇÃO POR NÃO DAR CONTA DA MINHA PRÓPRIA VIDA. SER MÃE, TRABALHAR, CUIDAR DO LAR FOI UMA TAREFA DIFÍCIL, MAS CONSEGUIA COM A AJUDA DA MINHA FAMÍLIA E AMIGOS. AOS 22 TIVE MINHA SEGUNDA FILHA, A GRAVIDEZ FOI MAIS TRANQUILA. PORÉM CUIDAR DOS BEBÊS ERA DIFÍCIL E ENVOLVEU SEMPRE MUITA CULPA POR CONTA DE NÃO CONSEGUIR FAZER TUDO O QUE EU ACHAVA QUE TINHA QUE FAZER. O DIAGNÓSTICO VEIO ATRAVÉS DE UMA PROMOÇÃO QUE TIVE NO TRABALHO, FUI TRABALHAR NUMA UNIDADE DE CHECK UP E UM DOS MÉDICOS DO SETOR PERCEBEU QUE EU DORMIA DEMAIS E ACHOU ANORMAL E ME ENCAMINHOU PARA A DRA STELLA MARCIA TAVARES. EU TRABALHAVA NUM DOS MELHORES HOSPITAIS DA AMÉRICA LATINA: HOSPITAL ALBERT EINSTEIN E A MINHA MÉDICA É DE LÁ.  ELAME DIAGNOSTICOU E FIZ A POLISSONOGRAFIA E O TESTE DAS LATÊNCIAS MÚLTIPLAS DO SONO E POSITIVOU PARA NARCOLEPSIA. COMECEI COM A RITALINA E EM 1998 ESTA DOENÇA NÃO ERA TÃO FAMOSA, NÃO EXISTIAM GRUPOS, NEM TANTOS ESTUDOS E PESQUISAS. EU NÃO ACREDITAVA QUE TINHA NARCO, NÃO ACEITAVA A MEDICAÇÃO, TENHO UM QUADRO DE DEPRESSÃO,  TAMBÉM NÃO O ACEITAVA. E PASSEI ANOS SEM MEDICAÇÃO.  A ENFERMAGEM AO MESMO TEMPO QUE ME PROPORCIONAVA ADRENALINA, ME CANSAVA. EU INICIAVA O PLANTÃO AS 07 E AS 09 HRS JÁ ESTAVA EXAUSTA. DECIDI MUDAR DE ÁREA,  FORMEI-ME EM PSICOLOGIA EM  2006. NÃO AGUENTAVA MAIS TRABALHAR NA ENFERMAGEM PORQUE ME DEMANDAVA MUITO DESGASTE ENERGÉTICO. EU TAMBÉM ESTAVA ENVELHECENDO, A NARCOLEPSIA FOI ME MUDANDO, COMECEI A TER O SONO FRAGMENTADO, PIORA DO QUADRO DEPRESSIVO, O QUE ME LEVOU NOVAMENTE A MEDICAÇÃO,  SÓ QUE DE FORMA IRREVERSÍVEL. HÁ TRÊS ANOS ME TRATO COMO MANDA O FIGURINO. ACEITEI A DOENÇA,  ADAPTEI MINHA VIDA. SAI DO HOSPITAL. MONTEI MEU CONSULTÓRIO PERTO DE CASA, HOJE TENHO MAIS QUALIDADE DE VIDA. AO LONGO DESTES ANOS DESCOBRI COISAS QUE ME AJUDARAM A ENFRENTAR A DOENÇA: 1 - MÉDICOS E AS MEDICAÇÕES.  2 - ACOLHIMENTO DOS EUS AMIGOS QUE SEMPRE ME AJUDARAM; 3 - UMA FORÇA DE VONTADE E UM PODER DE SUPERAÇÃO IMENSOS EM MIM;  4 - EXERCICIOS FISICOS COMO A YOGA E CAMINHADA AJUDAM MUITO; 5 - ALIMENTAÇÃO ADEQUADA, POUCOS DOCES, EVITAR COMER EM QUANTIDADE; 6 - A PSICOTERAPIA QUE ME AJUDA ATÉ HOJE A ME ACEITAR E A ADMINISTRAR O STRESS; 7 - O GRUPO NARCOLEPSIA NO FACEBOOK. CONHECER PESSOAS IGUAIS A MIM ME HUMANIZOU, EU ME SENTIA SOZINHA COM ESTA DOENÇA,  NÃO ENTENDIA O PORQUE DE CERTAS COISAS QUE EU SENTIA. O GRUPO ME AJUDOU A ME ENTENDER E ME ACOLHER MELHOR. APESAR DE TUDO ISTO AINDA TENHO ALTOS E BAIXOS MAS EU SOU EU E NÃO A DOENÇA.